Há pouco mais de um ano, em uma sala de reuniões de uma empresa de manufatura no norte do México, um Diretor de Operações compartilhou uma frase que ficou gravada: "Sabemos que precisamos mudar, mas o que mais tememos é parar". Essa reflexão resume um dilema comum em muitas organizações: o desejo de evoluir versus o medo de interromper o ritmo operacional.

O verdadeiro desafio para as empresas atualmente não está só na adoção de novas tecnologias, mas sim, em como fazer isso de uma forma que não comprometa sua estabilidade operacional. A migração para o SAP S/4HANA é um exemplo claro desse desafio. Não é unicamente uma decisão tecnológica, mas uma declaração de princípios: entender que o futuro exige novas formas de pensar, de decidir e de operar, especialmente em um mundo onde os ciclos de mudança se aceleram e as organizações que se destacam são aquelas que entendem que o risco real não é se transformar, mas não fazê-lo a tempo.

Ao longo da minha experiência acompanhando várias empresas nesse processo, aprendi que a tecnologia sozinha não transforma nada. O que realmente impulsiona a mudança é a capacidade das organizações de usar ferramentas como o SAP S/4HANA não apenas para otimizar processos, mas para repensar seu modelo operacional, cultural e estratégico.

Lembro do caso de uma empresa de manufatura com a qual colaboramos recentemente. Seu principal desafio era claro: a recorrência de paradas de produção que colocavam em risco sua lucratividade. Esta empresa procurava uma plataforma robusta para resolver problemas operacionais, mas o que realmente conseguiu foi uma transformação mais profunda que os levou a adotar uma nova forma de gerir o tempo, a informação e os recursos. A implementação do SAP S/4HANA, juntamente com um sistema de resposta a incidentes, lhes permitiu reduzir as interrupções em 25% e aumentar a agilidade operacional em 22%. Mas, além desses números, o mais valioso foi a mudança de mentalidade, passando de uma postura reativa para uma proativa e antecipando problemas em vez de reagir a eles.

No setor financeiro, outro exemplo notável ilustra como a tecnologia redefine os processos e a maneira como operamos como um todo. Um banco com histórico conseguiu reduzir pela metade o tempo necessário para fechar as contas mensais. Além da eficiência operacional, o que foi relevante foi a mudança de narrativa: a tecnologia deixou de ser vista como um centro de custo para se tornar um facilitador fundamental do negócio. Com decisões mais rápidas baseadas em dados em tempo real, o banco melhorou sua competitividade.

Esse padrão se repete em diversos setores, como varejo, saúde, logística e energia. As empresas que adotam o SAP S/4HANA não estão apenas procurando estarem em dia, mas construir uma capacidade organizacional para evoluir com inteligência, otimizar operações e gerar novas oportunidades em um ambiente dinâmico.

Entendemos que toda transformação tecnológica tem um componente humano e estratégico. Não é uma questão de replicar os modelos alheios, mas de trabalhar em estreita colaboração com cada cliente para projetar um roteiro que alinhe sua visão do futuro com suas capacidades atuais. Esta abordagem personalizada nos permitiu acompanhar empresas de vários setores, ajudando elas a alcançarem mudanças verdadeiramente significativas.

No sector varejo, por exemplo, ajudamos uma rede varejista a melhorar a precisão de suas previsões de vendas em 30%. Esse avanço não só otimizou a eficiência na gestão de estoque, mas também possibilitou antecipar tendências de consumo, reduzir desperdícios e oferecer uma melhor experiência de compra para seus clientes. Em um ambiente onde a personalização é crucial, essa agilidade se torna uma vantagem competitiva inestimável.

Esses resultados são fruto de uma estratégia sólida, um suporte próximo e um profundo entendimento dos ambientes operacionais de cada cliente. A migração para o SAP S/4HANA não deve ser vista como um fardo técnico, mas sim como uma oportunidade de construir novas capacidades alinhadas com o ritmo acelerado exigido pelo mercado.

Com o fim do suporte ao SAP ECC (ERP Central Component) previsto para 2027, as empresas enfrentam um dilema fundamental: esperar e arriscar uma transição apressada e dispendiosa, ou se antecipar com uma migração estratégica, bem planejada e estruturada.

Não existe uma abordagem única para esse processo. Algumas organizações escolhem um modelo Greenfield, redesenhando sua arquitetura do zero, enquanto outras optam por um modelo Brownfield, aproveitando seus investimentos anteriores. Há também uma opção híbrida, ideal para empresas com necessidades específicas. O importante é agir sem demora.

Migrar para o SAP S/4HANA não é apenas uma melhoria tecnológica, é o início de um ciclo mais humano, adaptável e estratégico. As empresas que conseguiram isso experimentaram maior agilidade, melhores decisões e inteligência para operar com sucesso no futuro.

É por isso que, quando ouço líderes que têm medo de parar, entendo perfeitamente, mas também sei que a pior coisa que eles podem fazer é não se mexer. A mudança não é uma ameaça. Bem administrado, pode ser a maior oportunidade de reinventar o presente e projetar um futuro mais resiliente.

Este artigo foi publicado originalmente em Excelsior