A diversidade de gênero desempenha um papel fundamental na inovação tecnológica. Incluir mulheres nas equipes de tecnologia não apenas promove a equidade, mas também aumenta a criatividade e melhora a eficácia das soluções digitais. No entanto, apesar dos avanços, as mulheres ainda estão sub-representadas nas disciplinas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), representando apenas 34% do corpo de alunos nessas áreas.

O poder transformador da diversidade

A diversidade de gênero nas equipes de trabalho não é só uma questão de justiça social; É uma estratégia de negócios inteligente. De acordo com o relatório Women in Business 2025 elaborado pela Grant Thornton, as empresas de médio porte na Europa alcançaram 34,9% de mulheres em cargos de gestão, com a Espanha liderando esse progresso. Não é por acaso que as empresas com maior igualdade de gênero em suas equipes de gestão experimentam melhorias significativas na inovação, na tomada de decisões e no desempenho financeiro. Quase uma em cada quatro empresas (23,1%) afirma que as suas estratégias de igualdade aumentaram a sua capacidade de inovação e uma em cada cinco (20,3%) acredita que estas medidas aumentaram a sua atratividade para clientes e investidores.

A inteligência artificial (IA) é uma das áreas em que a falta de diversidade pode ter consequências significativas. Atualmente, menos de 20% dos profissionais das empresas de IA são mulheres, o que limita a diversidade de perspectivas no desenvolvimento tecnológico e pode perpetuar vieses nos algoritmos. Essa situação reforça os estereótipos de gênero e pode levar a preconceitos que afetam a experiência digital das mulheres. Para combater esses preconceitos, é essencial incorporar mais vozes femininas no desenvolvimento dessas tecnologias. A diversidade nas equipes de IA não apenas garante sistemas mais justos, mas também enriquece a capacidade das máquinas de entender e servir a uma sociedade diversificada.

Vamos imaginar por um momento um mundo onde os produtos tecnológicos são projetados exclusivamente por um grupo homogêneo de pessoas. Muitos usuários se sentiriam alienados ou não representados. A diversidade de gênero nas equipes de design e desenvolvimento garante que as ferramentas digitais respondam às necessidades de um público mais amplo, melhorando a experiência do usuário (UX) e garantindo que ninguém seja deixado para trás.

Promovendo vocações STEM desde o início

A raiz do problema da sub-representação feminina na tecnologia começa nas etapas educacionais. Embora as mulheres representem 34,4% da população empregada em ciência e tecnologia na Espanha, ainda existem lacunas significativas em áreas específicas, especialmente nas carreiras STEM. Em disciplinas técnicas, como ciência da computação, os números são muito baixos: apenas 13% dos graduados são mulheres. Em contraste, nas ciências da saúde ocorre o contrário: as mulheres são maioria em carreiras como Biomedicina (75,08%), Bioquímica (65,82%) e Biotecnologia (61,70%). Isso mostra que o problema não é a falta de interesse pela ciência, mas os estereótipos de gênero e a falta de referentes nas áreas tecnológicas.

Apesar dos avanços, a igualdade de gênero no campo tecnológico ainda enfrenta desafios. De acordo com o Índice de Closingap, a Espanha precisaria de 37 anos para alcançar a plena igualdade de gênero. Fechar as diferenças no mercado de trabalho poderia aumentar o PIB em 255,755 bilhões de euros. Para acelerar este processo, é crucial implementar políticas que promovam o equilíbrio entre a vida profissional e a vida familiar, a formação contínua e a eliminação dos estereótipos de género desde a infância. Além disso, tornar visíveis os referentes femininos em tecnologia pode inspirar as novas gerações a seguir seus passos.

Se queremos construir uma sociedade mais equitativa, devemos garantir que a revolução digital tenha perspectiva de gênero. Só assim conseguiremos uma tecnologia mais justa, inovadora e representativa de toda a humanidade.

Este artigo foi publicado originalmente em WITH