Mulheres e tecnologia, o conjunto perfeito para um futuro mais responsávelA tecnologia é um setor imparável que exige cada vez mais perfis. Atualmente, são registrados grandes progressos na inclusão das mulheres nesta área, embora ainda haja um longo caminho a percorrer. De acordo com o estudo Mulheres e Inovação 2022 do Observatório Mulheres, Ciência e Inovação (OMCI), 52,5% das mulheres empregadas em ciência e tecnologia têm ensino superior, em comparação com 41% dos homens. Além disso, o sexo feminino já atinge 41% do corpo de pesquisadores em nosso país e 38,4% do corpo técnico. Esses dados refletem um leve aumento de 1% em relação ao ano anterior a favor delas. Da mesma forma, o IX Relatório de Mulheres no Ibex destaca que, das 1.280 cadeiras dos conselhos que existem na bolsa de valores, 330 já estão ocupadas por mulheres, o que as deixa a 4,2 pontos de atingir a meta de 30% até 2020 da CNMV, apesar de ainda estarem longe dos 40% que o código de boa governança desse órgão estabeleceu para 2022.

Os dados de ambos os estudos indicam que estamos indo na direção certa, pois além da presença de mulheres nas empresas de tecnologia, há cada vez mais perfis femininos em empresas não tecnológicas que ocupam posições relevantes em cargos relacionados à tecnologia, como diretoras de Sistemas ou diretoras de Transformação Digital, este último de criação recente em quase todas as empresas. No entanto, ainda é necessário continuar sensibilizando a sociedade – de todas as áreas e entidades – para conseguir alcançar os objetivos de igualdade estipulados.

A redução da brecha de gênero pode ser conseguida ajudando as mulheres a continuarem a lutar e a chegarem, na sua carreira profissional, que elas proponham para si mesmas. No meu ponto de vista, seria muito útil se o sexo feminino tivesse referências próximas, perfis visíveis e comunicativos que contassem sua história, sua realidade, a realidade do setor, que inspirassem as novas gerações e as motivassem a seguir seus passos.

Neste contexto de educação, a escolha de carreiras STEM ou tecnológicas pelas mulheres ainda é muito baixa, embora seja verdade que nos últimos anos se registaram muitos progressos a este respeito.

Hoje, um dos maiores desafios que as mulheres que trabalham neste setor enfrentam é incentivar os alunos do ensino fundamental e médio a seguir carreiras tecnológicas. Por isso, é importante mostrar a tecnologia de um ponto de vista mais focado em tudo o que ela pode contribuir para a sociedade, já que até agora a tecnologia era associada a sistemas e era considerada a parte mais “cinzenta” das empresas. Por exemplo, por que não encorajar as meninas a serem as mulheres do futuro, que projetam e programam a máquina com a qual o paciente será operado, em vez de se tornarem profissionais de saúde? Por que, em vez de serem professores, não podem ser os especialistas que desenham os aplicativos com os quais as crianças aprendem nas salas de aula virtuais? Para isso, temos que fazê-los enxergar que é uma área transformadora e geradora de valor em uma sociedade que precisa evoluir e se tornar cada vez mais sustentável, onde a tecnologia tem papel fundamental.

De acordo com um estudo da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), as mulheres na Espanha representam apenas 13% dos estudantes em carreiras STEM – um número que desce para 9% quando falamos de Formação Profissional – e o mesmo acontece se consideramos outros países do nosso meio, como a Bélgica, os Países Baixos e a Suíça, com números que oscilam entre 10% e 12%.

Como indicam as estatísticas, há cada vez mais ofertas de emprego do que profissionais no mercado que podem preencher todas as vagas. Esta pode ser uma razão fundamental para que as mulheres decidam apostar neste tipo de estudos, pois com a tecnologia têm a garantia total de que poderão desenvolver a sua carreira profissional de acordo com os estudos realizados, e que um futuro promissor as espera. que, além disso, ajudará a promover uma sociedade mais colaborativa e sustentável.

Cristina Valles, Country Manager na NEORIS Espanha